Mesa e) Desinformación y estrategias de cuidado en internet desde el lente educativo

Educação, divulgação científica e desinformação nas redes sociais digitais em tempos de COVID-19

  • Leonardo Oliveira da Costa (Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP)
  • Ana Medeiros Arnt (Universidade Estadual de Campinas)
Resumen

O projeto tecnocientífico do capitalismo tardio tem promovido a massificação das tecnologias individuais de informação e comunicação, arregimentando um novo paradigma midiático e socioeconômico. A deflagração da pandemia de COVID-19 em 2020 acabou por catalisar este processo já em franco desdobramento. O caráter educativo das mídias digitais, ora flagrante, fora narrado pelos estudos culturais e pelas pedagogias contemporâneas, segundo os quais, a função pedagógica, tem transbordado dos muros das instituições para seu exercício permanente e ubíquo nos meios de comunicação on-line. Em contrapartida, o fluxo intenso de informações e a falta de moderação dos conteúdos nas mídias sociais, torna estes ambientes suscetíveis a fenômenos perniciosos como infodemias, desinformação e notícias falsas. Fato evidenciado pela pandemia, com a inundação de publicações negacionistas e anticientíficas nas redes. Em momentos como este, o trabalho dos(as) divulgadores(as) de ciência nas mídias digitais se mostra ainda mais salutar, promovendo posturas e medidas sanitárias sustentadas por evidências e o pensamento científico enquanto prática cultural acessível. Neste trabalho, nos ocupamos em reportar os resultados de uma pesquisa de mestrado, em que desenhamos, segundo o itinerário da análise de discurso foucaultiana de entrevistas semi-estruturadas, as narrativas dos divulgadores(as) de ciência sobre seus próprios trabalhos e identidades nesse mundo cibercultural dominado pelo marketing de influenciamento, focando em três eixos principais: 1) Tais profissionais, entendem a divulgação científica nas redes como tendo uma função educativa? 2) Quais as perspectivas destes(as) divulgadores(as) quanto ao negacionismo que se dissemina nas redes sociais e sua contraposição? 3) Enquanto produtores(as) de conteúdo, os(as) entrevistados(as) tinham alguma preocupação com os interesses comerciais das big techs responsáveis pelas redes sociais? Os resultados apontaram para o cunho educativo da divulgação científica nas redes sociais (numa perspectiva de educação não-formal), bem como informativo (numa perspectiva jornalística) e também de sensibilização do público para a importância social da ciência. Além disso, no Brasil, a divulgação científica atuou diretamente no combate às campanhas negacionistas que inundaram as redes sociais durante a pandemia de COVID-19. Ficou evidente a preocupação geral com as questões relacionadas ao capitalismo de vigilância como um problema a ser enfrentado coletivamente e no longo prazo, requerendo investimento em uma política pública ampla envolvendo regulamentação, letramento digital, educação midiática e fomento de softwares livres. Por fim, ressaltamos a necessidade de profissionalização e instituição de uma carreira em divulgação científica pois este trabalho ainda é considerado, na maioria dos casos, como hobby, ativismo ou atividade secundária.